terça-feira, maio 29, 2012

Mediunidade e Evangelho - Diversidade de Operações (I Coríntios, 12: 6)


E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.
Operações aqui devemos entender como sendo as realizações. O modo de efetivá-las é o que mais deve ser destacado. É imprescindível agir, mas é também de considerável importância o “como” se age.
Jesus nos orientou no Sermão do Monte que, se alguém exigisse de nós a túnica, que déssemos também a veste; que se fôssemos obrigados a caminhar com outrem uma milha, que fôssemos com ele duas. Quis Ele, o maior de todos os pedagogos, com estas lições nos ensinar que era importante fazer, mas que mais importante ainda era fazer bem feito; que déssemos algo ou de nós, não só atendendo aos impositivos da justiça, mas também à espontaneidade do amor.
Há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. É Deus quem verdadeiramente age em nós quando nos predispomos a andar em harmonia com a Sua soberana Lei; nele vivemos, e nos movemos, e existimos1, como nos lembra o próprio Paulo. Estar em conexão com o Seu pensamento é estar garantido em saúde, paz e harmonia interior; portanto, tornemo-nos bons e realizaremos todo o bem, fazendo-nos assim, dignos de plena Felicidade.
Concluindo notamos que nestes três últimos versículos o Apóstolo expressa de forma trina o seu pensamento quanto a estar ajustado ao serviço cristão, realizando com satisfação o mandato em nome do Senhor. Assim temos:
  • Diversidade de dons
  • Reconhecer a vocação. Mas o Espírito é o mesmo. Ajustemo-nos a ela no espírito de servir.
  • Diversidade de Ministérios
  • Assumir a tarefa, fazer o Bem. Mas o Senhor é o mesmo. Desfaçamo-nos do personalismo, trabalhando tendo o Cristo como Senhor.
  • Diversidade de operações
  • Dar qualidade ao que fazemos, fazer bem. Mas é o mesmo Deus que opera em todos. Sintonizemo-nos com Ele, deixando que Ele se manifeste em nós; que como o espelho cristalino possamos refletir a Sua imagem.

    (Continua...)
1 Atos, 17: 28

segunda-feira, maio 21, 2012

Mediunidade e Evangelho - Diversidade de Ministérios (1 Coríntios, 12: 5)


E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo.
A palavra ministério vem do latim. ministerìum, que significa ofício, função de servir, mister, ocupação, trabalho, sacerdócio.1
No grego idioma original de I Coríntios temos diakonia com o mesmo sentido.
Se no serviço em nome do Cristo há diversidade de dons, há também diversidade de ministérios, significando cada forma de trabalho oportunizada ao servidor para que ele execute com segurança e lealdade. Particularmente nas casas espíritas temos os serviços de passe, oratória, esclarecimento mediúnico, atendimento fraterno, etc.. Pois muitos são os ministérios.
É imperioso que compreendamos que a casa que elegemos para o trabalho espírita deve funcionar como um organismo perfeito onde tudo e todos têm suas funções específicas e que o desenvolvimento das tarefas deve ocorrer num clima de fraternidade e cooperação. Há diversidade de ministérios e nenhum é mais importante do que o outro; todos devem funcionar harmonicamente.
Imaginemos que em nosso corpo, que também é um organismo, as células encarregadas de trabalhar junto ao intestino se revoltassem se achando menos importantes e pleiteassem serviço junto ao cérebro ou coração. O que aconteceria? Com certeza todo organismo se desagregaria e o corpo seguramente seria levado à morte pelo não funcionamento do intestino.
Desta forma, não deve ser considerado mais ou menos importante qualquer atividade dentro da casa espírita. O passe só poderá ser aplicado se o pessoal da faxina tiver realizado bem o seu trabalho; o esclarecimento mediúnico só obterá êxito se os envolvidos no trabalho nos dois planos da vida receberem as orientações evangélicas apropriadas e se forem envolvidos num clima de fraternidade ampla para que possam se esforçar por vivenciá-las.
Tudo isso deverá ser efetivado sem o vírus do personalismo, pois o Senhor é o mesmo; ou seja, a obra não é nosso e sim do Cristo, e em nome dele é que deve ser realizada, e bem realizada.
Toda casa espírita que se preze tem Jesus como Senhor, e não seus dirigentes ou frequentadores mais antigos ou que mais se destacam.
Lembrando ainda do Converso de Damasco meditemos:
Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor, no qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus no Espírito.2
1 Dicionário Eletrônico Houaiss.
2 Efésios, 2: 20 a 22

segunda-feira, maio 14, 2012

Mediunidade e Evangelho - Diversidade de Dons ( I Coríntios, 12: 4)


Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.
Podemos dizer com toda segurança que este capítulo 12 desta epístola é um estudo perfeito sobre a mediunidade.
Ora, há diversidade de dons, podemos ver aqui os vários estados evolucionais em que se encontram os Espíritos; não há entre eles dois em uma idêntica posição, sejam encarnados ou desencarnados; há diversidade entre as conquistas de cada um. Por isso a imensa diferença existente na compreensão de um mesmo texto, o que faz surgir várias religiões com a mesma origem; ou a variedade de reações individuais em que os seres se manifestam, às vezes, diante de um mesmo acontecimento. Há diversidade de dons.
Não é por outro motivo que a psicologia hodierna destaca e dá grande importância a questão da alteridade. Somos distintos, desta forma a maneira de tratar cada qual deve ser também diferente.
Porém o que salta aos olhos com muita clareza é o entendimento do apóstolo sobre a questão da mediunidade, estudo esse que só veio a ser realizado com competência científica dezenove séculos mais tarde, por Kardec e seus seguidores.
Por pouco Paulo não afirmara “há diversos tipos de mediunidade” como mostra-nos o Codificador em O Livro dos Médiuns em vários capítulos desta magistral obra.
Se há diversos tipos de manifestações mediúnicas e vamos no decorrer destas linhas falar um pouco sobre algumas delas, mesmo que de forma simples e superficial, não podemos deixar de destacar o médium que podemos ser, cada um de acordo com as suas características, em nossos relacionamentos pessoais no dia a dia de nossa existência.
Médium em seu sentido geral é o que está no meio, o intermediário. No sentido espírita é o intermediário entre os Espíritos desencarnados e o homem. Pelo simples fato de sermos influenciados pelos Espíritos somos médiuns, e isso acontece a todos, indistintamente.
Assim, há muitos modos de exercermos nossa mediunidade nas atitudes corriqueiras de nossa vida. Podemos ser médiuns:
  • Da paz ou da guerra.
  • Da alegria ou da tristeza.
  • Da esperança ou do desespero.
Não é preciso estar em uma mesa mediúnica para levarmos consolo ou ajudar os Espíritos:
  • Podemos atender ao convite da caridade em um simples compartilhar de alimentos.
  • Também assim o faremos através de um sorriso ou de uma atenção dada a um marginalizado pela sociedade.
  • Do mesmo modo realizaremos se, atendendo ao chamado da consciência, nos desculparmos com os outros diante de um erro.
Há diversidade de dons, e inúmeras são as formas deles se manifestarem.
Mas o Espírito é o mesmo. Se for feita uma análise apressada pode parecer que este versículo admite que só um Espírito se comunique por via mediúnica. Não é isso que o apóstolo quer dizer, ele mesmo sabia por experiência própria que bons e maus Espíritos podem se manifestar; para confirmar tal fato vejamos o livro de Atos dos Apóstolos no capítulo 19, onde temos:
E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas e profetizavam.1
Respondendo, porém, o espírito maligno, disse: Conheço a Jesus e bem sei quem é Paulo; mas vós, quem sois?2
Assim, fica claro, como explica o autor de O Livro dos Médiuns que há grande diversidade também entre os Espíritos:
O progresso dos Espíritos faz-se gradualmente e, algumas vezes, com muita lentidão. Entre eles alguns há que, por seu grau de aperfeiçoamento, veem as coisas sob um ponto de vista mais justo do que quando estavam encarnados; outros, pelo contrário, conservam ainda as mesmas paixões, os mesmos preconceitos e erros, até que o tempo e novas provas os venham esclarecer. Notai bem que o que digo é fruto da experiência, colhido no que eles nos dizem em suas comunicações. É, pois, um princípio elementar do Espiritismo que existem Espíritos de todos os graus de inteligência e moralidade.3
Mas o Espírito é o mesmo. Então o que queria o fundador da igreja de Corinto dizer com esta expressão?
Já dissemos anteriormente que Paulo escreveu esta carta, motivado pela dissensão que estava acontecendo entre os coríntios, e a pedido de alguns cristãos locais buscava orientá-los para uma melhor conduta moral.
Vejamos o que escreve ele em capítulo anterior:
porque ainda sois carnais, pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois, porventura, carnais e não andais segundo os homens?
Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu, de Apolo; porventura, não sois carnais?
Pois quem é Paulo e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e conforme o que o Senhor deu a cada um?
Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento.
Pelo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento.
Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão, segundo o seu trabalho.
Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus.4
E logo após continua:
Portanto, ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso: seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, seja o presente, seja o futuro, tudo é vosso, e vós, de Cristo, e Cristo, de Deus.5
Assim, quando diz que o Espírito é o mesmo, não está o redator da epístola a falar do Espírito comunicante, pouco importa qual é o seu nome, e sim do Espírito que dirige o trabalho em planos mais elevados, que no caso do planeta Terra é o Cristo Jesus que assim faz em nome de Deus o Criador de todas as coisas.
É muito comum em nossas casas espíritas avaliar uma mensagem espiritual pelo nome do Espírito comunicante, e assim a aprovamos ou não dependo de quem ditou. Grande o erro em que incorremos segundo o que diz Paulo e também Kardec. É preciso que entendamos que na base de todo trabalho para o bem está o Cristo, ele é o Espírito que coordena toda movimentação em favor da implantação do Reino de Deus na Terra, assim, avaliemos o conteúdo do que nos traz o médium, se for bom divulguemos, se não, saibamos de forma cristã rechaçar. Não importa para nós quem foi que ditou, acima de Emmanuel, André Luiz, Kardec, ou quem quer que seja, está Jesus que em nome de Deus trabalha, e é a Este a que devemos servir, pois ao Pai é a quem devemos glorificar, e sobre ele também podemos afirmar:
Mas o Espírito é o mesmo.
1 Atos, 19: 6
2 Atos, 19: 15
3 O Que é o Espiritismo, cap. 1 - Diversidade dos Espíritos.
4 I Coríntios, 3: 3 a 9
5 Idem, 3: 21 a 23

segunda-feira, maio 07, 2012

Evangelho com Emmanuel

Definindo Rumos

Confira com  #Emmanuel a importância de ao #Espiritismo estar associado o estudo do #Evangelho e a vivência do mesmo.



Mediunidade e Evangelho - 1º Coríntios, 12: 3

Portanto, vos quero fazer compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: Jesus é anátema! E ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo.
A preocupação de Paulo para com os seus amigos de Corinto era porque estes, por serem acostumados ao culto pagão, culto que definia sua autenticidade pela existência de fenômenos violentos e desordenados, eram facilmente iludidos por espíritos ligados às trevas e que queriam desarmonizar o movimento nascente através das contradições e ilusões comuns aos menos afeitos às manifestações mediúnicas.
Portanto, vos quero fazer compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: Jesus é anátema! Falando deste modo, Paulo corrige um modo de se expressar constante da Torah – Pentateuco Mosaico – e dos Livros dos Profetas, em que Deus fala diretamente às criaturas. Não é possível Deus se expressar por palavras diretamente aos homens, pois Deus é a Inteligência Suprema1, e não um Ser inteligente, os Espíritos é que são os seres inteligentes da criação.2
Assim, são os Espíritos que se manifestam e comunicam-se com os homens, e como nos mostra Kardec e os autores espíritas em geral, podem estes serem ligados ao bem ou não. É importante notar, que essa preocupação é bem anterior ao surgimento do espiritismo, pois além de Paulo, João também em sua 1ª epístola afirmou:
Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.3
A palavra anátema, que corresponde ao hebraico herem, em se tratando de Novo Testamento tem por significado amaldiçoado.4
Jesus é o Espírito mais evoluído que já passou por nosso orbe, Nele há a perfeição no mais alto grau que seres em nosso estágio evolutivo têm possibilidade de alcançar. Como pode esse Ser que de tão especial foi confundido com o próprio Deus, ser amaldiçoado? Portanto, se algum Espírito diz isso Dele, este não pode ser um Espírito que fala em nome do Criador. Essa é a conclusão baseada na fé operante a que chegou o discípulo de Gamaliel.
Nos dias de hoje, em nossas reuniões espíritas temos de ter o mesmo cuidado. Nenhum Espírito que se preze, mesmo entre os contrários à implantação do Reino no coração das criaturas, diz: Jesus é anátema, todavia por meio de maiores sutilezas, tentam expressar a mesma ideia. Assim, devemos ter toda cautela com a divulgação de mensagens vindas do plano espiritual, se estas em algum ponto, por menor que seja, contrariarem a iluminada proposta reeducativa do Sermão do Monte, devem ser por nós rechaçadas, mesmo se com belas palavras, ou se fazendo passar por conteúdo de grande beleza espiritual. A indicativa de que boa é a procedência da mensagem não é pelo número de palavras de difícil entendimento que possuem, muito antes pelo contrário.
Os Espíritos superiores se exprimem com simplicidade, sem prolixidade. Têm o estilo conciso, sem exclusão da poesia das ideias e das expressões, claro, inteligível a todos, sem demandar esforço para ser compreendido. Têm a arte de dizer muitas coisas em poucas palavras, porque cada palavra é empregada com exatidão.5
E ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo. "Espírito Santo" é o Espírito que se santificou através da Lei de Evolução. Podemos aqui, neste caso, entender também como sendo nossa consciência profunda ou a manifestação de nosso superconsciente.
Ter Jesus como Senhor não é simplesmente andar com ele na boca, repetindo Suas palavras, ou estampado em nossas camisetas. É responsabilidade que vai muito além.
Ao nosso senhor obedecemos, por ele tudo fazemos servindo-o com lealdade; ele é para nós o que há de mais importante, de ordinário ele é que nos dirige.
Será que podemos, analisando nosso comportamento, dizer que Jesus tem essa representatividade, conforme o exposto acima, em nossa vida? Ou seja, será que O temos como Senhor, acima de outros senhores tão dominantes, como o dinheiro, o poder, ou os vícios e hábitos negativos que possuímos?
Deste modo, só o Espírito que se fez santo pode com veracidade dizer ser Jesus o Seu Senhor, essa é sem dúvida a nossa meta, situa-se ainda, como dissemos, em nosso superconsciente. Portanto, tenhamos cautela com aqueles que dizem em demasia: “Senhor Jesus, Jesus meu Senhor….” É preciso ter autoridade para assim se manifestar. Nunca é demais relembrar o evangelista quando diz:
Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.6


1 O Livro dos Espíritos, questão nº 1
2 Idem, questão nº 76
3 1 João, 4: 1
4 No antigo Testamento significa prática religiosa antiga, pela qual pessoas ou coisas exigidas por Deus ou dedicadas a ele eram destruídas. Conforme Josué, 6: 18 e 21.
5 O Livro dos Médiuns, item 267/9°
6 1 João, 4: 1